Pinturas,Costuras e apartes

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Artesanato melhora a vida de uma comunidade em Sergipe

Artesanato é um trabalho lucrativo. Um grupo de artesãs de Sergipe descobriu um tipo de palha ideal para a confecção de vários produtos. Mas para o negócio dar certo é administrado como uma empresa.

As artesãs produzem bolsas, bandejas, cestas.O artesanato mudou a vida das mulheres de Neópolis, no interior de Sergipe. As artesãs fazem do talento artístico um complemento da renda familiar.

O Sebrae apoiou o grupo e criou o projeto “Artesanato Trançado na Palha”.

“Eles toparam, a gente veio e está aí o resultado”, afirma Wânia Alzira Santos, do Sebrae de Sergipe.

O primeiro passo para produzir as peças é conseguir matéria-prima. Essa função é dos maridos das artesãs. Quando estão de folga no trabalho, eles vão para o campo. A busca é cansativa. Eles usam foices para arrancar as folhas. Um trabalho que, às vezes, leva horas.

“O mato é fechado. Para mulher fica ruim porque tem espinho e abelha também. E os homens já têm mais facilidade de entrar no mato”, revela o marido de uma artesã, Luciano Santana.

Já de volta à vila operária, os maridos saem de cena. As mulheres espalham as folhas pela calçada. A secagem dura uma semana.

O trabalho para fazer as peças começa na sede da Associação Artesanal Formiguinhas em Ação.

“Quando a gente trabalha com amor, fica mais bonito ainda”, ensina a artesã Maria Auxiliadora dos Santos.

Há cinco anos, quando o grupo nasceu, o Sebrae ofereceu uma consultoria para aperfeiçoar o artesanato. O molde é feito com o talo da planta e a palha é usada no revestimento. Elas fazem cem peças novas por mês. Com o produto pronto, é hora de vender. O Sebrae percebeu que as mulheres não sabiam negociar.

“A peça custava R$ 12. Se o cliente dissesse que ia levar R$ 5, elas entregavam o produto do jeito que o cliente estava querendo”, lembra a consultora do Sebrae.

“A gente não tinha visão que estava perdendo. A gente queria vender. Mas hoje não tem essa de pechinchar. A gente tem que valorizar o nosso trabalho”, avalia a presidente da associação Maria José dos Santos.

Outra sugestão do Sebrae foi a criação de um fundo de reserva. Cada artesã doa um trabalho por mês para a cooperativa. A peça é vendida e o dinheiro é guardado para viagens e participações em feiras.

A meta é atingir novos mercados. Para isso, o grupo precisa crescer, aumentar a produção. Mas não tem sido fácil encontrar novas sócias que cumpram as regras porque a entidade funciona como uma empresa: tem horário de trabalho definido, metas de produção e muita cobrança para manter a qualidade das peças. Quem deseja entrar no grupo, precisa fazer um estágio por três meses.

Ivanilda, Valdicleide e Maria da Conceição passaram pelo treinamento e foram aceitas na cooperativa.

“Estou sempre seguindo as instruções do grupo. Para passar para o estágio eu fiz tudo direitinho. Por isso que estou na associação há cinco meses”, diz Ivanilda da Silva Santos.

Muita gente desistiu ou foi dispensada antes de completar os três meses.

“Nem todo mundo tem jeito para fazer artesanato. E se não der para ficar na associação, a gente chama a pessoa e conversa. Não pode ficar enrolando”, avisa a presidente da associação das artesãs.

O dinheiro da venda do artesanato é dividido de acordo com a produção individual. A artesã Rubenice Pereira, por exemplo, ganha entre R$ 150 e R$ 350 por mês.

“Onde nós moramos a renda é um pouco baixa. Com o artesanato, eu já posso ajudar em casa”, explica Rubenice.

O artesanato em palha também ajudou outra família. Atualmente, a atividade é responsável por 40% do orçamento. Com o dinheiro, a artesã Jaqueline de Oliveira comprou um aparelho de som e uma televisão. O marido dela achava que o dinheiro só dava para um televisor menor.

“Meu marido ficou pensando que eu não tinha dinheiro e disse para comprar uma televisão pequena. Eu falei que não. Mandei ele comprar a maior porque eu podia ajudar a dar a entrada”, lembra a artesã.

O artesanato produzido em Neópolis ganha força e já foi negociado com lojistas de quatro estados. Agora o Sebrae quer montar um loja móvel. Um carro adaptado para a venda de artesanato na capital do estado, Aracaju, a 125 quilômetros de distância.

“Elas têm muita dificuldade de levar o produto para Aracaju, que é a porta de entrada para o turista. É lá onde tem aeroporto e rodoviária. Então, com a loja itinerante, elas poderiam vender na orla e levar o artesanato para outros municípios”, explica a consultora do Sebrae.

“É assim que eu penso e sonho: um dia nós estaremos exportando o nosso trabalho, sendo reconhecidas no mundo todo”, aposta a artesã Maria Auxiliadora dos Santos.

Para ter mais informações sobre o apoio do Sebrae ao artesanato, procure um posto de atendimento mais perto de você ou visite o site.

Fonte PEGN

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